domingo, 23 de outubro de 2011

Cinemas da Índia

Agora virei-me para o cinema indiano, apanhando a boleia do curso que tenho estado a frequentar este mês no Museu do Oriente: Índia: Cinema e Sociedade.
Bollywood à parte, a grande estrela do cinema da Índia é o realizador Satyajit Ray, que adaptou umas quantas obras de Tagore. No entanto, é mais admirado no ocidente do que popular no seu país. Como disse um colega do curso que é crítico de cinema, Ray não representa o cinema indiano, mas antes o cinema que nós europeus gostamos de ver. Ainda assim, vi partes do seu Charulata, de 1964, e fiquei com vontade de ver a totalidade deste filme.

Mais recente, a indiana / canadiana Deepa Mehta tem uma trilogia imperdível sobre histórias que retratam a sociedade indiana passada e contemporânea.



O primeiro, Fire, de 1996, é aquele que esteticamente é menos interessante, mas talvez o mais ousado: a história de amor entre duas cunhadas.



Earth, de 1998, é baseado no livro de Bapsi Sidhwa “Cracking India” (sem tradução portuguesa), e aqui é-nos contada a história de um grupo de indianos de Lahore, que inclui muçulmanos, hindus, sikhs e parses, que de repente, com a partilha da Índia pelos britânicos em 1947 e a decisão de incluir Lahore no Paquistão, deixam de viver em paz. Pior, vivem a tragédia consequência da cegueira, estupidez e fanatismo dos humanos.



A fechar a esta trilogia vem Water, de 2005. Agora foi ao contrário, a colaboração entre Deepa Mehta e Bapsi Sidhwa fez com que esta última baseasse o seu livro Água (este com tradução portuguesa) no filme. É a história arrepiante e inacreditável da situação social das viúvas na Índia, as quais segundo os preceitos hindus com a morte do marido deixam de ter qualquer proveito no mundo – o que se manteve até aos tempos de Gandhi.



Vi ainda Mr and Mrs Iyer, de 2001, de Aparna Sen, também actriz. Mais uma vez a sociedade indiana é nos retratada de forma a que nos reviremos no sofá. Os conflitos entre hindus e muçulmanos são nos mostrados ao mesmo tempo que vemos uma viagem de autocarro e o desabrochar de um amor entre uma hindu casada e um muçulmano fotografo. Tudo sem cair no cliché ou na lamechice. Fiquei com vontade de ver mais filmes desta realizadora.



E, finalmente, vi pela primeira vez um filme de Bollywood. Dilwale Dulhania Le Jayenge, de 1995, com o mega astro Shahruk Khan, ainda está em cartaz na Índia e é um dos maiores sucessos da sua indústria. Boa disposição, música melódica que entra no ouvido e acordes daquele instrumento que o palhacito do Shahruk Khan tocava que não me saem da cabeça. Veredicto: confirmo que é excelente entretenimento e não só para os indianos da Índia e sua diáspora.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rithy Panh

Rithy Panh é um realizador cambojano de que em post anterior já tinha referido desejar ver uns filmes seus antes do Natal.
Este autor nasceu em Phnom Penh e viveu os horrores da guerra do Khmer Rouge. Fugido para a Tailândia, conseguiu chegar a França e hoje, já no seu país, é responsável pela criação de filmes e documentários, muitos deles inspirados na experiência vivida pela esmagadora maioria dos seus concidadãos.
Dele vi os seguintes filmes:



- “Uma barragem contra o Pacífico”, de 2008, inspirado na obra de mesmo nome de Marguerite Duras. É a história de uma mãe francesa com os seus dois filhos mais do que ambiciosos e sem escrúpulos que lutam contra as adversidades da água que teima em invadir as suas plantações. A fotografia é lindíssima.



- “Neak Sre”, de 1994, ou “a gente do arrozal”, conta a história de uma aldeia de cambojanos que vive da plantação de arroz. É um filme cru que retrata bem a dureza do trabalho com o arroz.



- “S-21, la machine de mort Khmere Rouge”, de 2003, não é cru. É um documentário da pura realidade. Realidade passada e que nunca se crê que seja possível existir, quando mais repetir-se. Filmada na antiga escola, depois tornada a tristemente mítica prisão S-21, hoje museu, onde se cometeram das maiores atrocidades em trânsito para atrocidades ainda maiores. Em 2008 estive aqui e daí resultou este post http://andessemparar.blogspot.com/2008/11/phnom-penh.html



- Un soir aprés la guerre, de 1998, trata da vida de um rapaz e de uma rapariga no pós-guerra. Eles querem formar um par, amam-se, mas a necessidade da sobrevivência do dia-a-dia numa cidade onde poucas esperanças existem atormenta o seu relacionamento. Foi o filme de Rithy Panh que mais gostei e, em resumo, é imperdível.

Dia do Japão em Portugal

A propósito da re-abertura do jardim do Japão, em Bélem, comemorou-se o dia do Japão no passado dia 1 de Outubro.
Perdi-o. Mas a mana esteve presente e fez a reportagem no seu novo blogue de degustação.
Ei-la:
http://cantinadossabores.blogspot.com/2011/10/festa-do-japao.html