domingo, 26 de fevereiro de 2012

Introdução às Literaturas Eslavas

Inscrevi-me em Introdução às Literaturas Eslavas (Russa, Eslovena e Polaca) como opção livre. Mas continuo sem entender por que o Russo não é opção como língua asiática (e o inglês era até este ano), quando se observa que a imensa Sibéria está em território que se convencionou chamar asiático.
Como grande parte dos escritores russos que se devem ler passaram por deportações na Sibéria, bom… é aí que encontro sentido nesta escolha. Isso e o facto de ser uma apaixonada por Dostoievski e por aquilo que ele consegue manejar nas nossas cabeças. Li finalmente o Capote de Gogol, mas o bom é que o fiquei a conhecer melhor e a entender aquela sátira e aquele gozo com o funcionariozinho comum, não esquecendo, assim como Dostoievski não esquece, de nos apresentar as ruas de São Petersburgo, inóspitas, escuras e ventosas.
E fiquei a conhecer Lermontov, poeta que se dignou escrever a soberba prosa de “Um Herói do Nosso Tempo”. Isso devo-o à professora indiana que ensina língua russa e a sua literatura. Fiquei apaixonada por este autor que nos deixou a história do anti-herói Pechorin, um fulano do meio do século XIX igual a tantos outros sacanas bem parecidos e bem considerados que encontramos por aí quase 200 anos depois. E fiquei curiosa por ler Goncharov e o seu “Oblomov, o magnifico preguiçoso”, sobre um fulano que não saia da cama e até para sonhar tinha preguiça. Não chego a tanto, que sonhar é bom, mas acho que vou gostar de Goncharov e seu Oblomov.
Ai os clássicos russos, tanto para ler, para além dos citados, Puschkin, Turgenev, Tolstoi (tenho de ler a sua Anna Karenina), Mayakovski. Com tantos nomes fantásticos com centenas de anos, não é de estanhar que tão poucas aulas não nos tenham permitir chegar aos contemporâneos. Esses terei de descobrir por mim, depois de ler os seus papas.
De literatura eslovena fiquei a conhecer algo de France Preseren, o Camões esloveno, e sua influência para a cultura e identidade do país que ainda não era país. Outro nacionalista (no sentido de tentar valorizar a cultura e identidade eslovenas) que adorei ler foi Ivan Çankar e o seu “A Justiça de Yerney”. Esta obra de 1907 é de uma actualidade aterradora. Um trabalhador, depois de uma vida inteira a trabalhar como caseiro, é corrido pelos herdeiros do seu anterior patrão e sai em busca de compreensão por parte de alguém. Parte a pé, por caminhos que o levem até ao centro do poder, nessa altura dominado pelo império Austro-húngaro, sem que ninguém, então como hoje, lhe desse ouvidos, se preocupasse com a injustiça de que era alvo. Volta à casa, perturbado, e rebela-se, ateando-lhe fogo. Fim. Será que Çankar previu algo?
Quanto à literatura polaca, infelizmente, fui forçada a faltar a umas quantas aulas e não me entreguei à leitura de nenhum autor. Situação a merecer atenção, uma vez que ainda para mais a Polónia tem uma série de autores Nobel.

Culturas da China

As Culturas da China foram dadas por um professor a sério, daqueles que se vê terem gosto em saber e em passar esse saber. E não é nenhum cota, pelo que se espera que muitas mais gerações possam com ele aprender. O Barrento fala com o mesmo entusiasmo de Confúcio, de budismo e de taoismo como o faz do vestuário, da alimentação, da sociedade chinesa, passando pela análise do papel dos homens e das mulheres nessa mesma sociedade.
Como está bem de ver pelos posts anteriores, filosofias e pensamentos não são comigo. Mas temas da sociedade sim. Ficar a saber que aquele uniforme que Mao usava – e com ele todos os demais, homens ou mulheres, como se um vício de vestuário se tratasse – era uma adaptação de um outro lançado na ribalta por Sun Yat-sen, o pai do republicanismo na China, e que esse fato tinha influências do uniforme estudantil do período Meiji do Japão, do uniforme militar alemão e de vestes ocidentais, isso explica muita coisa, e não é apenas um detalhe.
China fechada? China adormecida? China inferior? Pois, grande conversa. Em todos os períodos da história se observou momentos de domínio de uma ou de outra civilização e a China esteve quase sempre por cima. O “império do meio”, como eles se chamam, a “Catai” de Marco Polo, sempre seduziu todo o mundo. A invenção do papel moeda foi lá (ainda que o capitalismo seja arte de outros), a bússola idem (ainda que nos compêndios ocidentais tenham sido os europeus – olá Portugal – a descobrir o mundo para além da Europa) e a pólvora apareceu também por lá (se bem que os chineses não a tivessem levado a sério e tenham visto os ingleses a bombardeá-los com a sua invenção na sua própria casa). Esta humilhação foi na segunda metade do século XIX, há cerca de 150 anos, e custou a ser ultrapassada. Veio a queda do regime imperial e instauração da república em 1912. Nacionalistas e comunistas em guerra civil umas décadas depois e eis que em 1949 chega a actual República Popular da China, criada por Mao. E depois, bom, depois há opiniões e posições para todos os gostos, mas o certo é que hoje a China com o seu socialismo de mercado é falada por cá por comprar a EDP e a REN.
Tenho de arranjar horário rapidamente para ir aprender chinês, a ver se os ppdocas têm um lugar para mim dentro do meu país.

O 3.º semestre

No semestre que agora acabou (o meu terceiro nos Estudos Asiáticos) não fui muito produtiva. 
Inscrevi-me nas Filosofias da Ásia, aturei o Paulo “PAN” Borges naquele tom monocórdico, absolutamente controlado, sem ponta de emoção, rosto rígido, boca idem, não vá um mosquitinho passar e ele sem querer mandar-lhe uma baforada e contribuir para o seu passamento. Budismo, é disso que se trata. E um pouco de jainismo, hinduísmo e mais uns quantos ismos asiáticos. Não me dignei apresentar-me aos exames porque esta conversa não é bem dirigida pela minha leve cabeça.
Inscrevi-me em Culturas da Índia, mas aí a história foi outra. Mudaram as aulas para o sábado, para outra Faculdade, com o rei Luís Filipe Thomaz. Como já estava metida num outro curso no mesmo dia, comecei a frequentar as aulas tarde e ainda me dei ao luxo de gozar uns merecidos fins-de-semana fora. Resultado, com muita pena minha assisti apenas a metade das lições. Porque foi mesmo disso que se tratou, de autênticas e interessantíssimas lições. Ouvido por Thomaz o budismo – originário da Índia – entranha-se melhor, embora se continue a estranhar. Mas acabei por não ir também a exame desta cadeira porque neste momento estou absolutamente arrasada, preciso de olhar para leituras só para prazer e não por necessidade.
Sobrou, assim, avaliação em apenas três cadeiras: o Japonês 3, as Culturas da China e a Introdução às Literaturas Eslavas.
Quanto ao japonês, e a acrescer ao “daitai”, mais ou menos, dizer que cada vez sei mais palavrinhas, mas cada vez tenho mais dificuldade em misturá-las, tipo mandá-las todas para um caldeirão, mexê-las, adicionar-lhes as especiarias necessárias para que daí possa sair algo de útil. Mas tenho de chegar ao nível 6 custe o que custar, como agora está na moda dizer.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

daitai

O estado do meu japonês é o seguinte:
watashi wa nihon go ga daitai wakarimasu
Para os que ainda estão pior do que no que a língua japonesa diz respeito, traduzo: eu falo japonês mais ou menos
e já não é mau