Mesmo a terminar está a exposição "Caligrafia Japonesa - Obras-primas da caligrafia japonesa contemporânea reunidas em Portugal" na Fundação Gulbenkian.
A caligrafia, composta quer pelos kanji (os caracteres chineses) quer pelos alfabetos hiragana e katakana, é uma das vertentes da cultura japonesa mais amada e apreciada pelos ocidentais. Pelos japoneses é elevada à categoria de arte, sendo o manejar dos pincéis uma virtude que historicamente era extremamente valorada pela sociedade requintada.
Esse bom gosto pode ser comprovado nesta exposição quer pelo traço virtuoso disposto em painéis igualmente lindíssimos, quer - complemento não dispiciendo mas antes soberbo - pelos nacos de poesia (tankas? haikus?) que nos oferecem.
Já se sabia que os japoneses se deixam encantar pela natureza em geral e sobretudo pelas belezas que cada uma das estações do ano traz, cores e flores que lhes despertam emoções singelas logo transformadas em poucas linhas de puro deleite. Mas nunca é demais registar alguns exemplos:
Não há nada a dizer para as montanhas da minha cidade natal. Apenas agradeço pela sua existência, pois elas aquecem o meu coração. (Takuboku Ishikawa)
Divertir-se livremente como a nuvem, afastando-se das coisas fastidiosas do mundo. (Xunhe Du)