Ando para aqui às voltas com um trabalho para literaturas asiáticas sobre uns contos de Yasunari Kawabata.
Só me vêm à cabeça as palavras estranho e paranóico, mas acho que estes não são termos que se possam utilizar num trabalho académico de literatura.
Vou continuar a tentar qualificar o nobel japonoca de uma forma mais exacta.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
Júbilo
O professor de Cinema Asiático vive as aulas, com explicações e comentários aos filmes entusiasmadas. Eu gosto. E é isso mesmo que espero quando ouço falar de um tipo de cinema ou quando vejo um filme numa aula.
Ao falar da fase do cinema de Hong Kong, entre as décadas de 60 e 70 do século passado, aquela em que Bruce Lee irrompeu com os seus filmes de kung fu, lembrou as cambalhotas sobre cambalhotas que eram o prato forte.
Não consegui conter uma gargalhada – e estou até agora com um sorriso enorme no rosto – pela expressão por si utilizada para descrever o contributo destas cambalhotas para as características destes filmes: “é um puro júbilo da forma!”
Ah! (o ah! é meu).
Ao falar da fase do cinema de Hong Kong, entre as décadas de 60 e 70 do século passado, aquela em que Bruce Lee irrompeu com os seus filmes de kung fu, lembrou as cambalhotas sobre cambalhotas que eram o prato forte.
Não consegui conter uma gargalhada – e estou até agora com um sorriso enorme no rosto – pela expressão por si utilizada para descrever o contributo destas cambalhotas para as características destes filmes: “é um puro júbilo da forma!”
Ah! (o ah! é meu).
sábado, 9 de abril de 2011
Greves
As greves do metro têm calhado todas às 3.as e 5.as de manhã, bem na hora da aula de japonês.
A professora tem-se mostrado compreensiva. Começou por não marcar faltas, adiar o teste que estava marcado para um desses dias, não avançar na matéria, coisas do género.
Mas as greves nunca mais acabam. E são sempre nestes dias. E os alunos faltam muito. Muitos.
Vai daí, e para “poder compreender a realidade e distinguir as faltas dos que tenham a verdadeira razão para as ausências”– vulgo, para ver quem falta pelo metro ou para ficar a dormir mais um pouquinho – a professora enviou um e-mail a pedir-nos para justificarmos o facto, “indicando a morada e a estação onde costuma apanhar o transporte e explicando as razões que o impedem de comparecer nas aulas”.
Não consigo parar de imaginar a Kioko em frente ao Google Earth e com a página da Carris aberta a ver cada uma das nossas moradas e as carreiras dos autocarros que melhor nos trazem à faculdade.
A professora tem-se mostrado compreensiva. Começou por não marcar faltas, adiar o teste que estava marcado para um desses dias, não avançar na matéria, coisas do género.
Mas as greves nunca mais acabam. E são sempre nestes dias. E os alunos faltam muito. Muitos.
Vai daí, e para “poder compreender a realidade e distinguir as faltas dos que tenham a verdadeira razão para as ausências”– vulgo, para ver quem falta pelo metro ou para ficar a dormir mais um pouquinho – a professora enviou um e-mail a pedir-nos para justificarmos o facto, “indicando a morada e a estação onde costuma apanhar o transporte e explicando as razões que o impedem de comparecer nas aulas”.
Não consigo parar de imaginar a Kioko em frente ao Google Earth e com a página da Carris aberta a ver cada uma das nossas moradas e as carreiras dos autocarros que melhor nos trazem à faculdade.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
Esta é uma cadeira de opção livre. Foi um tiro certeiro. Adorei as aulas, as leituras, as descobertas.
Pepetela passou a ser quase um Deus para mim, não pelos contos que li dele, mas pela sua Geração da Utopia. Soberbo.
João Melo é um contista entusiasmante, com um humor, uma ironia e um retrato da sociedade luandense mordaz mas verdadeiro.
A escrita de Ondjaki é bela, influenciada pela oralidade, no contar de histórias que ainda hoje marca África.
Mia Couto brinca com as palavras como quer e é um divagador nato.
E, depois, a descoberta na aula de mais alguns autores, como Luís Bernardo Honwana e Gabriel Mariano.
E, já em casa, no final, aquilo que me parece que se pode considerar uma cadeira bem sucedida numa faculdade: o despertar a vontade nos alunos para descobrirem mais autores. Foi um prazer ler o unânime Luandino Vieira, bem como Manuel Rui e Paulina Chiziane.
Pepetela passou a ser quase um Deus para mim, não pelos contos que li dele, mas pela sua Geração da Utopia. Soberbo.
João Melo é um contista entusiasmante, com um humor, uma ironia e um retrato da sociedade luandense mordaz mas verdadeiro.
A escrita de Ondjaki é bela, influenciada pela oralidade, no contar de histórias que ainda hoje marca África.
Mia Couto brinca com as palavras como quer e é um divagador nato.
E, depois, a descoberta na aula de mais alguns autores, como Luís Bernardo Honwana e Gabriel Mariano.
E, já em casa, no final, aquilo que me parece que se pode considerar uma cadeira bem sucedida numa faculdade: o despertar a vontade nos alunos para descobrirem mais autores. Foi um prazer ler o unânime Luandino Vieira, bem como Manuel Rui e Paulina Chiziane.
História da Expansão Europeia na Ásia
Esta aula será especialmente recomendada para quem quer por o sono em dia.
Já em casa, gostei muito de ler os artigos do prolifico Luis Filipe Thomaz sobre o tema – o expert sobre o assunto ao lado de C.R.Boxer.
E adorei descobrir o livro “Lavrar o Mar”, de Luis Filipe Barreto. Não pela forma como está escrito, mas pela edição da Comissão para os Descobrimentos com imagens lindíssimas. E o nome… Lavrar o Mar, toda uma inspiração.
Para trabalho final da cadeira desenvolvi o tema da presença dos missionários portugueses no Camboja, em especial em Angkor. O pretexto era óbvio: voltar a Angkor, recordar a beleza dos seus templos e os bons momentos que por lá passei séculos depois de um missionário português ter sido o primeiro europeu por aquelas paragens. O seu nome era Antonio da Madalena, era franciscano, esteve por lá em 1586 e o cronista Diogo do Couto relatou as suas impressões deslumbradas.
Já em casa, gostei muito de ler os artigos do prolifico Luis Filipe Thomaz sobre o tema – o expert sobre o assunto ao lado de C.R.Boxer.
E adorei descobrir o livro “Lavrar o Mar”, de Luis Filipe Barreto. Não pela forma como está escrito, mas pela edição da Comissão para os Descobrimentos com imagens lindíssimas. E o nome… Lavrar o Mar, toda uma inspiração.
Para trabalho final da cadeira desenvolvi o tema da presença dos missionários portugueses no Camboja, em especial em Angkor. O pretexto era óbvio: voltar a Angkor, recordar a beleza dos seus templos e os bons momentos que por lá passei séculos depois de um missionário português ter sido o primeiro europeu por aquelas paragens. O seu nome era Antonio da Madalena, era franciscano, esteve por lá em 1586 e o cronista Diogo do Couto relatou as suas impressões deslumbradas.
Fontes e Métodos dos Estudos Asiáticos
Cadeira obrigatória, mas ninguém sabe muito bem o que fazer com ela.
Sobretudo os professores.
Sobretudo os professores.
Geografia da Ásia
Uma aproximação às questões ligadas não à geografia física, mas antes à humana, como vivem, o que condiciona a vida, porque se distribuem assim e não assado as populações na Ásia.
Gostei muito.
O trabalho escolhido, de entre aqueles temas colocados à nossa disposição pelo professor foi o mais próximo que arranjei de um pretexto para pesquisar e escrever sobre o Paquistão: a indefinição das fronteiras nos Himalaias.
Para além de Caxemira, disputada entre Paquistão e Índia, fiquei a saber que a mesma Índia e a China disputam o Aksai Chin e o Arunachal Pradesh e que a mesmíssima Índia e o Nepal disputam mais uns quantos territórios, para além das questões entre do Tibete / China e de disputas de terras entre estados dentro da própria Índia.
Interessante concluir que estas disputas se devem não só a rivalidades entre os países e a uma falta de clareza na marcação das fronteiras, quer no terreno quer em mapas, por parte dos britânicos que dominaram a região até há 60 e picos anos, mas, sobretudo, a uma disputa pelos recursos naturais: água e energia. Os rios que nascem nos Himalaias correm por vales muitíssimo férteis e quem tem água, tem agricultura, tem comida, tem vida, tem alguma coisa.
Gostei muito.
O trabalho escolhido, de entre aqueles temas colocados à nossa disposição pelo professor foi o mais próximo que arranjei de um pretexto para pesquisar e escrever sobre o Paquistão: a indefinição das fronteiras nos Himalaias.
Para além de Caxemira, disputada entre Paquistão e Índia, fiquei a saber que a mesma Índia e a China disputam o Aksai Chin e o Arunachal Pradesh e que a mesmíssima Índia e o Nepal disputam mais uns quantos territórios, para além das questões entre do Tibete / China e de disputas de terras entre estados dentro da própria Índia.
Interessante concluir que estas disputas se devem não só a rivalidades entre os países e a uma falta de clareza na marcação das fronteiras, quer no terreno quer em mapas, por parte dos britânicos que dominaram a região até há 60 e picos anos, mas, sobretudo, a uma disputa pelos recursos naturais: água e energia. Os rios que nascem nos Himalaias correm por vales muitíssimo férteis e quem tem água, tem agricultura, tem comida, tem vida, tem alguma coisa.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Japonês
3.ªs e 5.ªs comecei e continuo a dedicar-me ao japonês logo às 8:00 da manhã.
Em tempos andei com a pancada de aprender russo, depois espanhol, e agora, sem que nunca tenha pensado nisso, vejo-me com o japonês. A escolha preferida teria sido o árabe, persa ou hindi – a minha área geográfica da Ásia – mas… os horários.
Logo na primeira aula apanhei o primeiro “choque”: os colegas pitinhos sabiam quase todos dizer alguma coisa em japonês, alguns muita coisa, e eu tive dificuldade em relacionar que ohayo gozaimasu é bom dia.
Mas, com alguma dedicação as coisas compuseram-se e tenho acompanhado bem. Não consigo, no entanto, imaginar-me a dominar esta língua de forma a travar um diálogo de jeito durante algum período da minha vida.
São três alfabetos: o hiragana (para palavras japonesas e partículas), o katakana (para estrangeirismos) e o kanji (uma adaptação dos caracteres chineses e que com eles se confunde).
De kanji nada sei. Tenho de me despachar, portanto, porque quase tudo o que se escreve é utilizando esta forma e são SÓ cerca de 4000 / 5000 kanjis e com uns 2000 é que uma pessoa se safa para ler jornais e revistas.
Parece que com o chinês é pior, pois os tons e as nuances dos tracinhos nos caracteres mudam por completo o sentido da coisa. Ainda assim, espero para o ano conseguir ir aprender também o chinês.
Em tempos andei com a pancada de aprender russo, depois espanhol, e agora, sem que nunca tenha pensado nisso, vejo-me com o japonês. A escolha preferida teria sido o árabe, persa ou hindi – a minha área geográfica da Ásia – mas… os horários.
Logo na primeira aula apanhei o primeiro “choque”: os colegas pitinhos sabiam quase todos dizer alguma coisa em japonês, alguns muita coisa, e eu tive dificuldade em relacionar que ohayo gozaimasu é bom dia.
Mas, com alguma dedicação as coisas compuseram-se e tenho acompanhado bem. Não consigo, no entanto, imaginar-me a dominar esta língua de forma a travar um diálogo de jeito durante algum período da minha vida.
São três alfabetos: o hiragana (para palavras japonesas e partículas), o katakana (para estrangeirismos) e o kanji (uma adaptação dos caracteres chineses e que com eles se confunde).
De kanji nada sei. Tenho de me despachar, portanto, porque quase tudo o que se escreve é utilizando esta forma e são SÓ cerca de 4000 / 5000 kanjis e com uns 2000 é que uma pessoa se safa para ler jornais e revistas.
Parece que com o chinês é pior, pois os tons e as nuances dos tracinhos nos caracteres mudam por completo o sentido da coisa. Ainda assim, espero para o ano conseguir ir aprender também o chinês.
1.º Semestre
Um breve balanço do 1.º semestre, que já lá vai e que lá vai muito bem.
Este curso de Estudos Asiáticos vai apenas no seu terceiro ano, daí que pela primeira vez possua finalistas.
Dominam, claramente, as matérias relacionadas com a China, o Japão e a Índia. O resto é (quase) paisagem.
Entre cadeiras de arte, literatura, cinema, religião, filosofia e história encontramos um curso bastante virado para as línguas – só para se ver, das cinco cadeiras semestrais, duas terão de ser línguas para se concluir o curso logo em três anos.
Dada a conciliação dos horários da faculdade com os do trabalho, fiquei-me apenas pelo japonês.
As outras cadeiras foram:
Geografia da Ásia;
Fontes e Métodos dos Estudos Asiáticos;
História da Expansão Europeia na Ásia;
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa.
Este curso de Estudos Asiáticos vai apenas no seu terceiro ano, daí que pela primeira vez possua finalistas.
Dominam, claramente, as matérias relacionadas com a China, o Japão e a Índia. O resto é (quase) paisagem.
Entre cadeiras de arte, literatura, cinema, religião, filosofia e história encontramos um curso bastante virado para as línguas – só para se ver, das cinco cadeiras semestrais, duas terão de ser línguas para se concluir o curso logo em três anos.
Dada a conciliação dos horários da faculdade com os do trabalho, fiquei-me apenas pelo japonês.
As outras cadeiras foram:
Geografia da Ásia;
Fontes e Métodos dos Estudos Asiáticos;
História da Expansão Europeia na Ásia;
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa.
As Minhas Gerações
Voltar à faculdade 18 anos lectivos depois é encontrar todo um outro mundo, toda uma outra geração.
A primeira diferença é a solidão. Pois é, sou a única Susana. Em tempos antigos éramos meia dúzia, mais não sei quantas Sandras e Sónias. Estas últimas ainda resistem.
Mas agora há também as Jéssicas, Andreias, Danielas e Brunas ao lado das intemporais Anas.
O mais curioso é que apesar destes nomes terem inspirado os paizinhos depois de assistirem às novelas brasileiras, sou a única a recordar-me que Odorico deve ser acompanhado de Paraguaçu e não de da Pordenone, um certo viajante italiano que chegou no século XIV a Pequim, segundo consta das aulas de China Imperial e Contemporânea. Para mim, Odorico só há um, o prefeito de Sucupira do Bem Amado e mais nenhum.
E que dizer quando passa um filme de Nagisa Oshima numa aula de Cinema Asiático e não consigo explicar a nenhum dos pitinhos a tourada que foi quando do mesmo realizador passou Império dos Sentidos na RTP2 nos anos 80. Depois de ver os beijinhos bem disfarçados dos amantes nos Contos Cruéis da Juventude, ninguém me acreditou que o mesmo fulano fosse capaz de filmar cenas de sexo explícito. Não tentei sequer abordar a questão do corte do instrumento do japonoca, muito menos falei em ovo. Pior, mesmo que tentasse, ninguém ia entender porque é que todos os portugueses, em especial os padres, falaram no assunto. Melhor, falaram muito mal do assunto.
A descobrir em breve mais curiosidades na diferença.
A primeira diferença é a solidão. Pois é, sou a única Susana. Em tempos antigos éramos meia dúzia, mais não sei quantas Sandras e Sónias. Estas últimas ainda resistem.
Mas agora há também as Jéssicas, Andreias, Danielas e Brunas ao lado das intemporais Anas.
O mais curioso é que apesar destes nomes terem inspirado os paizinhos depois de assistirem às novelas brasileiras, sou a única a recordar-me que Odorico deve ser acompanhado de Paraguaçu e não de da Pordenone, um certo viajante italiano que chegou no século XIV a Pequim, segundo consta das aulas de China Imperial e Contemporânea. Para mim, Odorico só há um, o prefeito de Sucupira do Bem Amado e mais nenhum.
E que dizer quando passa um filme de Nagisa Oshima numa aula de Cinema Asiático e não consigo explicar a nenhum dos pitinhos a tourada que foi quando do mesmo realizador passou Império dos Sentidos na RTP2 nos anos 80. Depois de ver os beijinhos bem disfarçados dos amantes nos Contos Cruéis da Juventude, ninguém me acreditou que o mesmo fulano fosse capaz de filmar cenas de sexo explícito. Não tentei sequer abordar a questão do corte do instrumento do japonoca, muito menos falei em ovo. Pior, mesmo que tentasse, ninguém ia entender porque é que todos os portugueses, em especial os padres, falaram no assunto. Melhor, falaram muito mal do assunto.
A descobrir em breve mais curiosidades na diferença.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
O Que é a Ásia?
Esta não é a resposta para um milhão de dólares, nem sequer para 20 valores.
Longe disso.
O conceito de Ásia, sei-o agora um pouco mais claramente, é bastante complexo.
A resposta de que é um continente está longe de ser verdadeira, pois o mais acertado é falar-se em continente Euro-Asiático, Europa e Ásia numa só placa tectónica.
Utilizar-se a expressão Oriente servirá apenas para termos como contestação “a oriente do quê?” Nós, europeus, esquecemo-nos de que não somos / estamos no centro do mundo. Aliás, a China é que é conhecida como o Império do Meio, e a representação do globo por aquelas paragens é, aos olhos dos ocidentais, um mapa nada familiar e bastante confuso.
Chegamos, então, à conclusão (não definitiva, não única) de que a Ásia é mais uma convenção política, um caminho para nós ocidentais enquadrarmos algo numa categoria – o que é bem nosso, sendo que os asiáticos ali para os lados da China não têm esta preocupação de categorizar as coisas.
Este conceito de Ásia, criado por nós europeus e dominado por uma visão eurocentrica, não se entende sequer quanto à delimitação das suas fronteiras geográficas e dependerá muito do momento em que falamos da Ásia.
Hoje, quando pensamos e discutimos a adesão da Turquia à União Europeia, fará sentido incluí-la no “continente” asiático?
Pensaremos na Ásia como sendo não católica? Então porque é que a Geórgia está nela integrada?
E Chipre, Israel, Cazaquistão e outros ãos jogam as competições europeias de futebol a que título?
E o Egipto é África ou Ásia? E com esta, confundamos ainda mais as coisas com a questão árabe / Médio Oriente (mais uma vez, “médio” para quem?) / muçulmana, como se tudo fosse a mesma coisa.
As questões culturais e sociais que normalmente nos vêm à cabeça para traçar uma fronteira imaginária entre a Europa e a Ásia farão assim sentido? Sim, mas esse sentido será diferente para cada um de nós e diferirá também no tempo.
Longe disso.
O conceito de Ásia, sei-o agora um pouco mais claramente, é bastante complexo.
A resposta de que é um continente está longe de ser verdadeira, pois o mais acertado é falar-se em continente Euro-Asiático, Europa e Ásia numa só placa tectónica.
Utilizar-se a expressão Oriente servirá apenas para termos como contestação “a oriente do quê?” Nós, europeus, esquecemo-nos de que não somos / estamos no centro do mundo. Aliás, a China é que é conhecida como o Império do Meio, e a representação do globo por aquelas paragens é, aos olhos dos ocidentais, um mapa nada familiar e bastante confuso.
Chegamos, então, à conclusão (não definitiva, não única) de que a Ásia é mais uma convenção política, um caminho para nós ocidentais enquadrarmos algo numa categoria – o que é bem nosso, sendo que os asiáticos ali para os lados da China não têm esta preocupação de categorizar as coisas.
Este conceito de Ásia, criado por nós europeus e dominado por uma visão eurocentrica, não se entende sequer quanto à delimitação das suas fronteiras geográficas e dependerá muito do momento em que falamos da Ásia.
Hoje, quando pensamos e discutimos a adesão da Turquia à União Europeia, fará sentido incluí-la no “continente” asiático?
Pensaremos na Ásia como sendo não católica? Então porque é que a Geórgia está nela integrada?
E Chipre, Israel, Cazaquistão e outros ãos jogam as competições europeias de futebol a que título?
E o Egipto é África ou Ásia? E com esta, confundamos ainda mais as coisas com a questão árabe / Médio Oriente (mais uma vez, “médio” para quem?) / muçulmana, como se tudo fosse a mesma coisa.
As questões culturais e sociais que normalmente nos vêm à cabeça para traçar uma fronteira imaginária entre a Europa e a Ásia farão assim sentido? Sim, mas esse sentido será diferente para cada um de nós e diferirá também no tempo.
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