segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Huózhe - Viver
O filme Viver, de Zhang Yimou, foi considerado um dos melhores filmes asiáticos pela CNN. O seu realizador é também conhecido pelos “mais comerciais” Herói, Maldição da Flor Dourada e O Segredo dos Punhais Voadores. Para além disso, Zhang Yimou foi um dos criadores das cerimónias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008.
Huózhe (Viver), de 1994, é um épico sobre uma parte da história chinesa, entre os anos 1940 e os anos 1970.
O personagem principal, Fugui, é nos mostrado inicialmente como um viciado no jogo, que perde as propriedades de família, incluindo a casa apalaçada e, com isso, a sua mulher (mais tarde reunir-se-iam). Depois de ter de sobreviver fazendo espectáculos de teatro de marionetas, é apanhado pelo Guomindang, o Partido Nacionalista. Durante a guerra civil, e graças ao seu talento com as marionetas, acaba por se integrar no Partido Comunista de Mao, o vencedor. Com os novos tempos vê que o melhor que lhe poderia ter acontecido no passado foi mesmo ter perdido as suas propriedades, uma vez que a nova ordem não só as passou a confiscar como enforcaria todos os grandes proprietários que a ela se opusessem.
Este filme narra a tragédia pessoal de uma família ao longo de décadas, passando pelo Grande Salto em Frente do final dos anos 1950, onde vemos as famílias a reunirem todo o ferro possível, mesmo maçanetas de baús, para se juntarem aos desejos de Mao, até à Revolução Cultural do fim dos anos 1960 e princípios dos anos 1970. Com esta, Fugui tem de destruir – sem qualquer oposição – as suas marionetas, uma vez que estas eram uma representação de uma tradição chinesa – o que a dita Revolução Cultural queria abolir a todo o custo.
Para o fim fica o murro no estômago. Como todos os médicos do hospital local haviam sido acusados de reaccionários, foram substituídos por estudantes e estagiários de medicina. A filha surda-muda de Fugui acaba por morrer logo a seguir ao parto de seu neto sem que haja outra reacção do pessoal médico para além de gritos atarantados.
Todavia, aquilo que é uma crítica comovente e cândida a um período da história chinesa termina com uma mensagem de optimismo, com o que resta da família reunida junto às sepulturas dos dois filhos mortos (o mais novo havia morrido bem cedo) com esperança num futuro melhor para o único neto.
Um filme imperdível e uma outra perspectiva da história.
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