quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Pierre Loti - As Desencantadas
E porque a Turquia também é Ásia (e também é Europa), eis um livro que faz as vezes de elegia a Istambul.
“Istambul! Que sortilégio evocador nesta única palavra!... a cidade dos minaretes e dos zimbórios, majestosa e única, sem rival apesar da decrepitude irremediável, altaneiramente perfilada sobre o céu, com o circulo do Marmára fechando o horizonte”.
Este trecho de “As desencantadas”, do francês Pierre Loti, fala de Marmára mas o livro não se cansa de aludir a Pera e ao Bósforo, onde os endinheirados iam passar os meses de Primavera / Verão nas suas mansões à beira da água.
Loti está para os franceses assim como Kipling está para os ingleses e assim como ninguém está para os portugueses. O francês, oficial da marinha, viajou por todo o oriente e nele se inspirou em grande parte das suas obras.
“As desencantadas” narra a história de 3 primas turcas de Istambul que segundo a tradição da época são destinadas a casamentos arranjados e a viver para sempre num harém com as outras mulheres de seu marido. O que destoa aqui é a sua vontade em contrariar a tradição e a sua coragem e impetuosidade em insistir em encontrar-se com André, um escritor francês, para que este escreva as suas tristes vidas. Mas André – por quem tinham admiração enquanto escritor – acaba por significar muito mais para todas elas em geral e para uma delas em particular.
É ler até ao fim, por entre descrições entusiasmadas de Istambul e o destino trágico das mulheres de uma época.
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