terça-feira, 7 de junho de 2011

Cinema Japonês

No cinema japonês vi pela primeira vez um filme de Yasujiro Ozu, “Tokyo no Yado” (Uma pousada em Tóquio), de 1935. É um filme mudo mas muito interessante, sobre a vida dura de um pai com dois filhos à procura de emprego.



Vi também pela primeira vez um filme de Akira Kurosawa, “Ikiru” (Viver), de 1952. É a história de um homem empregado numa repartição que leva uma vida desinteressante entre papelada até ao dia em que descobre que tem apenas uns quantos meses de vida. E resolve começar a viver. Por exemplo, a sair para beber e a dar-se com mulheres mais novas, tudo com a maior das ingenuidades e sem loucuras. Ou, outro exemplo, a preocupar-se com a comunidade e a dar finalmente a ordem que havia ignorado enquanto chefe da repartição para se construir um jardim infantil. É um filme essencial, aqui ou na China. Ops! Aqui ou no Japão.



Vi ainda um filme de Nagisa Oshima, “Seishun Zankoku Monogatari” (Contos Cruéis da Juventude), de 1960. Dele já tinha visto o “Império dos Sentidos”, o tal que já falei em post anterior que fez furor na nossa televisão nos anos oitenta. Este filme não tem erotismo, mas tem já uns beijos roubados e uns corpos nus que seriam um bocado afoitos para a época. É a história de uns adolescentes transviados, rebeldes, que querem aproveitar a vida e o sol, gostam dos seus corpos e que armam uns esquemas com um bocado de imaginação para sacar dinheiro aos cotas que se deixam enganar pelas supostas boas intenções das damas. Mas, é claro, as coisas não acabam bem para esta juventude do pós guerra.

O único filme dos que vi que não gostei grande coisa foi o de Kenji Mizoguchi, “Ugetsu Monogatari” (Contos da Lua Vaga), de 1953. É a história de uns fulanos que vão para a guerra (um deles está maluquinho por vir a ser samurai) e voltam como fantasmas. É um dos filmes japoneses mais aclamados, para ver que nem todas as coisas boas são do meu agrado.



Depois, por fim, um filme de Hideo Nakata, “Honogurai mizu no soko kara” (Águas Passadas”), de 2002. É também sobre fantasmas, mas moderno. Deste já gostei mais. Há também uma versão de Walter Salles passada no Canada. É a história de uma mãe divorciada que cria sozinha a filha, sempre com medo de que o pai lhe venha a ganhar a guarda. Muda de casa e, oh cúmulo dos azares, vai logo para uma que mete água porque a menina que tinha morrido afogada no reservatório de água do último andar não pára de chorar porque se sente abandonada. Parece que a água, no imaginário japonês, está ligada à morte e aos fantasmas. Vou ser desmancha prazeres e contar o fim: a alucinação é que esta mãe acaba por – para apaziguar a vida atormentada que passa a viver – escolher a menina fantasma em detrimento da sua própria filha. Impressionante. Muito bom.

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