A amizade entre o Japão e Portugal já vem de longe, tem muitos séculos mesmo. Mas foi apenas há 150 que ela foi formalizada através da assinatura de um tratado entre os dois países. E para comemorar o feito, o Teatro D. Maria II apresentou na semana passada duas peças do teatro Noh, “Auto da Barca da Viagem” e “Sorin”, trazidas até nós pelo grupo Sakuramaki.
Graças a Literaturas Asiáticas fiquei a saber que o teatro Noh, a par do Kyogen e do Kabuki, são estilos de teatro característicos do Japão.
Para concentrar apenas no Noh, este vem desde cerca o século XIV e é uma espécie de ópera concentrada no cantar e dançar. Há um acompanhamento por parte de uma orquestra ou de um coro. O cenário é despojado e há um mínimo de ênfase nos movimentos do actor principal – sempre com uma máscara que vai mudando conforme a personagem que se quer representar – e nas suas palavras, mas o máximo de ênfase na imaginação da audiência. O palco para apresentação desta peça dramática é normalmente de madeira, para permitir ao actor ir deslizando e executando os seus gestos e movimentos como se fosse uma onda, em que o movimento transmite sentimentos.
Sentimentos e imaginação.
Bonito, não é? Apelativo, não é?
A professora avisou, repetiu, insistiu: que não percebia nada do Noh.
Eu tentei. Fui ver o Sorin e, pese embora as boas intenções para buscar um qualquer sentimento profundo de flor a desabrochar, fosse de cerejeira ou não, nenhuma imaginação me atingiu.
No entanto, não dei por mal empregue o tempo: fiquei curiosa em saber se todos os noh nos impedem de imaginar seja o que for.
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