Inscrevi-me em Introdução às Literaturas Eslavas (Russa, Eslovena e Polaca) como opção livre. Mas continuo sem entender por que o Russo não é opção como língua asiática (e o inglês era até este ano), quando se observa que a imensa Sibéria está em território que se convencionou chamar asiático.
Como grande parte dos escritores russos que se devem ler passaram por deportações na Sibéria, bom… é aí que encontro sentido nesta escolha. Isso e o facto de ser uma apaixonada por Dostoievski e por aquilo que ele consegue manejar nas nossas cabeças. Li finalmente o Capote de Gogol, mas o bom é que o fiquei a conhecer melhor e a entender aquela sátira e aquele gozo com o funcionariozinho comum, não esquecendo, assim como Dostoievski não esquece, de nos apresentar as ruas de São Petersburgo, inóspitas, escuras e ventosas.
E fiquei a conhecer Lermontov, poeta que se dignou escrever a soberba prosa de “Um Herói do Nosso Tempo”. Isso devo-o à professora indiana que ensina língua russa e a sua literatura. Fiquei apaixonada por este autor que nos deixou a história do anti-herói Pechorin, um fulano do meio do século XIX igual a tantos outros sacanas bem parecidos e bem considerados que encontramos por aí quase 200 anos depois. E fiquei curiosa por ler Goncharov e o seu “Oblomov, o magnifico preguiçoso”, sobre um fulano que não saia da cama e até para sonhar tinha preguiça. Não chego a tanto, que sonhar é bom, mas acho que vou gostar de Goncharov e seu Oblomov.
Ai os clássicos russos, tanto para ler, para além dos citados, Puschkin, Turgenev, Tolstoi (tenho de ler a sua Anna Karenina), Mayakovski. Com tantos nomes fantásticos com centenas de anos, não é de estanhar que tão poucas aulas não nos tenham permitir chegar aos contemporâneos. Esses terei de descobrir por mim, depois de ler os seus papas.
De literatura eslovena fiquei a conhecer algo de France Preseren, o Camões esloveno, e sua influência para a cultura e identidade do país que ainda não era país. Outro nacionalista (no sentido de tentar valorizar a cultura e identidade eslovenas) que adorei ler foi Ivan Çankar e o seu “A Justiça de Yerney”. Esta obra de 1907 é de uma actualidade aterradora. Um trabalhador, depois de uma vida inteira a trabalhar como caseiro, é corrido pelos herdeiros do seu anterior patrão e sai em busca de compreensão por parte de alguém. Parte a pé, por caminhos que o levem até ao centro do poder, nessa altura dominado pelo império Austro-húngaro, sem que ninguém, então como hoje, lhe desse ouvidos, se preocupasse com a injustiça de que era alvo. Volta à casa, perturbado, e rebela-se, ateando-lhe fogo. Fim. Será que Çankar previu algo?
Quanto à literatura polaca, infelizmente, fui forçada a faltar a umas quantas aulas e não me entreguei à leitura de nenhum autor. Situação a merecer atenção, uma vez que ainda para mais a Polónia tem uma série de autores Nobel.
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