quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Passagem para a Índia – E.M.Forster



Este clássico da Índia sob domínio britânico, considerado pela Time umas das 100 novelas em língua inglesa a ler, conta a história das (más) relações entre os britânicos e os indianos na Índia. Eles parecem não se chegar a cruzar, a não ser nas relações formais de trabalho, onde a altivez britânica persiste e oprime.
Este livro conta a história do médico Aziz, muçulmano – também ele com pouca vontade de se relacionar com os hindus do seu país (da sua nação?) –, que conhece duas britânicas e tem vontade de se aproximar delas, ser simpático, dar-lhes a conhecer a sua Índia, enfim, relacionar-se com pessoas, sejam elas alvas inglesas ou castanhinhas indianas.
Mas o peso da sociedade ganha mais força e vê-se envolvido numa perseguição alucinatória que o leva a tribunal para ser julgado por assédio por uma das inglesas. Pela outra continua a ter carinho, mas passa a desenvolver um asco e uma vontade de distância de tudo o que seja britânico. Mesmo depois de absolvido em tribunal pela retirada da queixa por parte da britânica (eram mesmo alucinações), muda de estado, para um governado pelos marajás, só para não ter que levar mais com os bifes.
Anos passados revive a história quando o seu amigo / inimigo Fielding se encontra de passagem pela sua nova morada. O diálogo final entre Aziz e Fielding é esclarecedor desta ambiguidade nos relacionamentos, daquilo que se quer a par daquilo que se tem por força do imperialismo.
“- De qualquer maneira, fora com os ingleses! Isso com certeza. Fora, amigos, fora, fora, já disse. Podemos odiar-nos entre nós, mas ainda os odiamos mais a vocês. Se não for eu a correr convosco será Ahmed, será Karim; nem que seja daqui a cinquenta ou quinhentos anos correremos convosco, sim, empurraremos todos os malditos ingleses para o mar, e depois…, depois – concluiu beijando-o quase -, você e eu ficaremos amigos”

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